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terça-feira, 16 de novembro de 2010

Saudade Que Mata



Manhã triste, frio, chuva, mas há algo diferente,hoje eu não acordei sozinho, a saudade estava sentada ao meu lado, olhando em meus olhos ela vinha me trazer lembranças, as lembranças estavam guardadas numa caixa, coberta com papel colorido e um laço, olhei em seus olhos e disse:
-- Que lembranças me traz desta vez?!
Aqueles olhos brancos e brilhantes encararam os meus e sua vóz grave e definida arrombava minha mente, deixando os timpanos intactos.
--Algumas que você já não vê a um tempo,e que talvez ja nem se lembra que ja passou por isso.
Virou-se a saudade, com sua capa branca e suas mãos transparentes como fumaça, pegou o embrulho
e entregou em minha mão, abri a caixa, e lá estavam, fotos do meu jardin de infancia, velocipes, massinhas, picina de bolinhas e banana machucada com nescau, percebi realmente que estas lembranças há muito tempo  não passaram na minha cabeça, e lá estavam mais fotos, da primeira,segunda, e terceira série, primeira e unica vez que dancei quadrilha, agarrada com minha primeira namorada, Paulinha, eramos tão inocentes naquele tempo,ainda lembro do beijo que havia le dado, embaixo da pia da escola, em nossos 7 anos de idade, vejam só que menino puro o mundo perdeu.
-- Saudade, porque me traz isto logo agora?! se ja faz TANTO TEMPO, porque deixou esta menina cair no esquecimento?
A saudade, como sempre, sorria sarcasticamente para mim.
--Como eu falei, neto, o embrulho de hoje é especial, mas continue, trouxe mais coisas pra você.
E estavam lá, um DVD com poucas imagens que ainda lembro de ter vivido com meu pai, os jogos de bola na rua São Jorge, e todo o bullying que sofri na escola, mas estas não doeram tanto, pelo menos não tanto quanto as proximas.A Saudade pegou uma caixa menor ainda, com três perfumes, abriu o vidro do primeiro e deixou que o cheiro se expalhasse no ar,era o cheiro do meu irmão, tão joven, tão pequeno , tão danado, engraçado, este cheiro trazia misturado outros, as tardes na casa de praia, Samara, muita coisa compartilhamos juntos, vinha tambem o cheiro do meu irmão de cerebro Mateus Maia, este perfume entrou rasgando em minhas narinas e a dor subiu a cabeça.
--Saudade pare com isto,isto machuca.
--Só mais um pouco e você saberá o sentido da vida: disse a saudade, olhando nos meus olhos e fumando seu cigarro.
Ela agora, pegou um segundo frasco, este de cor preta,cor da juventude, dos solos de guitarra que maltrataram meus dedos, e acariciavam meu ouvidos, das bandas, de onde eu achei verdadeiras amizades, uma delas, somos iguais até o nome, junto com eles, o cheiro das bebidas, os quase sexo e as veses, drogas, mas sempre, muito Rock.Este cheiro agora, foi aos meus pulmões, me deixando se ar,sem respirar, nao aguentaria muito tempo de vida, sem conseguir respirar, mas o tempo que me restava foi suficiente para sentir o ultimo cheiro.
Este cheiro agora, avermelhado, era o cheiro daqueles olhos castanhos, daquela bolsa de couro, do allstar vermelho, da blusa quadriculada,ou listas verdes.Era o cheiro DELA, ela que fez muito, quase "Sem querer" mas fez. Junto com o cheiro, vinham tambem as imagems,luzes, gargalhadas e um pequeno carrossel, quase vazio e o avermelhado cheiro do amor, o amor da minha vida. Priscylla , com seus olhos castranhos e cabelos sem penteado definido, me abraçavam, e eu voltei a ser criança, a mesma criança pura que o mundo hávia perdido, mas naqueles segundos, ele estava devolta.
O cheiro agora, foi até meu coração, que sangra até hoje, e lamentam minhas lágrimas de sangue, um corte profundo rasgou meu peito, na foiçada que a saudade me deu. e lá se vai embora tanto sangue, mas pesso a Deus que as lembranças fiquem, porque elas sim. são essenciais em minha vida.
Cai no chão do quarto agora, meu corpo e meu sangue, a morte ja bate na porta, esperando entrar para me buscar.No ultimo instante, a saudade se ajoelha, reza, e me diz.
--Não morrerás aqui hoje,vim apenas ensinar o sentido da vida, aprenda, ensine, e se praticar, nossa proxima visita será ainda mais dolorosa, e assim será, até o dia que entrarei no quarto acompanhado da morte.
A saudade se despediu, e abriu a porta, a morte, descontente, por não ser a vez, que me levaria.
O sangue volta as minhas artérias, o ar volta aos meus pulmões, mas as lembranças jamais sairam, elas são essencias, e irão comigo para o tumulo, depois para as estrelas.
E fica meu corpo estendido no chão, agora sabendo o sentido da vida que é apenas buscar mais lembranças,e esperar uma nova visita da saudade, pra sofrer mais da proxima vez.
Sonhando com a cabeça nas nuvens, e vivendo com os pés no chão, eu continuo a entender, ensinar, e aprender, o sentido da vida.

Amo todos vocês.

2 comentários:

  1. Realmente um belo texto. Você tem boas ideias e visão. Parabéns!

    Mas se ainda assim você aceitar um conselho, eu sugiro que, assim como você tem atenção a estório, tenha pela grafia. O texto fica bem mais lindo, garanto.

    Desejo-lhe bons textos e pretendo voltar mais vezes ;D. Sucesso

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  2. obrigado pelo conselho, volte sim, e verás textos melhores

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